A Psicóloga

Criatura singela, vive e revela as evidências do que é fundamental à vida: a Alma. Esta que se faz tão unicamente sua, nos apraz, acalma, encanta: a própria personificação do latim animu. Do grego, sua psykhé contradiz Erasístrato e Herófilo, que afirmavam a alma estar no cérebro; e se opõe ainda a Aristóteles: a alma também não se encontra no coração. Sua Alma mora na relação com cada indivíduo que toca e, assim, traduz-nos o antigo mito de Psique e Eros: em toda relação entregue à alma residirá o amor.

Nota

Aguardem: Onírico Leitor

E quem aqui lembra do tio Onírico?

Eu sei, eu sei, ainda meio sumido, não é pessoas legais?

A vida é dura conosco e nós somos todos (pelo menos eu) um bando de molengas. Apanhei feio  e fiquei triste, dodói mesmo, sem vontade de nada nada nada.

Mas aqui estou, pronto pra dar a volta por cima E com novos projetos. Isso mesmo que vocês leram. Novos projetos.
Não.

Na verdade, será apenas uma releitura do Projeto#462 do Bagunça Perfeita para os moldes do Youtube. A ideia é ler os textos já escritos e produzir novos textos fundados em temas propostos pelos inscritos com o objetivo de promover a leitura àqueles que, por algum motivo, não gostam, não querem ou não podem ler.

Portanto, fiquem espertos, tentarei voltar com força total. E sim: os novos textos produzidos para a leitura no Youtube serão postados primeiramente aqui como continuação do Projeto #462!

Ahhh Dona Rebecca, como eu gostaria que a senhora voltasse com as propostas.

Volta, volta, volta por favor!

 

Aguardem: Onírico Leitor

Mexidos

Me pediu um mexido
Na panela, arroz, feijão e mignon.
Mexidos.

A mãe deu o contra
Ela, subiu
Eu mexi.

Desceu, nao quis
Expliquei
Ainda nao quis.

Sai, chateado
Expliquei
Ela, como bala, retorquiu.

Ofendeu: retardado
Ela diz
Eu, reagi.

Há meses peço:
Acalme seu amigo
Amigo sem calma.

Há meses ela insiste:
Ironiza, ofende, insiste
Eu, reajo.

Coração não aguenta
Cabeça não sustenta
Corpo não cola.

Mexidos

Personagens: Família Proteus

Sinto que estou em dívida com vocês, estou certo? Firmei um compromisso com todos de que as segundas e as terças seriam dias de publicação de personagens e locais respectivamente. E, no entanto, falhei na semana passada!

O motivo, já expliquei, mas, ainda assim, me sinto em dívida!

Irei me redimir. Sim. Sim. Sim. Hoje é dia de conhecermos novas personagens e devo dizer: são minhas personagens favoritas, os integrantes da família Proteus.

A relação familiar entre Khalik, Izadelle e Ademir Proteus protagoniza o segundo capítulo do livro. Izadelle, como mãe, é o grande pilar desta parte da história com suas preocupações e receios. Ademir, o pai, representa a lealde ao Reino Independente de Mansedes e Khalik apresenta-se como uma criança faceira e carinhosa, o elo de ligação entre a razão e a emoção dos pais.

Izadelle Proteus:
Izadelle Proteus voltou suas duas ônix para o menino e piscou seu melhor sorriso. Uma mulher de expressões fortes e riso fácil.”

Ademir Proteus:
Ademir, o pai, o professor, encontrava-se absorto em meio às pilhas de papéis em sua mesa, mas nada poderia tirar-lhe a atenção do filho.

Khalik Proteus:
Ergueu-se batendo a poeira do corpo, quadril, ombros e parte das c ostas sujos com a terra batida. Verificou cada um dos membros. Cabeça, mãos, braços e pés intactos, porém, esfolara o joelho esquerdo; nada que um príncipe guerreiro não pudesse suportar. […] Colocou seu melhor sorriso matreiro no rosto e pôs-se a correr.

Além do núcleo principal, alguns outros nomes também são citados nesse trecho, como a Senhora Cármine e os senhores Orioli e Oreli, que são os três grandes nomes de Vinícola Sul; Matilda, amiga de Clarine; Henry (amigo de Khalik) e a Senhora Olena (cuidadora), ambas personagens apresentadas na Casa de Cuidados.

Este capítulo é a verdadeira apresentação do enredo do livro, que não trata de forma alguma de relações políticas, guerra e muito menos conflitos em uma era medieval. Tento trazer durante os parágrafos o desenvolvimento das personagens como seres emotivos, susceptíveis às influências externas em conflito com suas convicções e princípios. E por isso que, aqui, considero o verdadeiro início do livro. Portanto, o Prelúdio e o Capítulo 01 são apenas um pano de fundo para o desenrolar da trama.

Espero, de verdade, que curtam e apreciem o que há por vir.

Grande abraço a todos e tenham uma excelente semana.

Personagens: Família Proteus

Encontro

Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho,
Se a noite me atribui poder de fuga,
Sinto logo meu pai e nele ponho
O olhar, lendo-lhe a face, ruga a ruga.

Está morto, que importa?  Inda madruga
E seu rosto, nem triste nem risonho,
É rosto antigo, o mesmo. E não enxuga
Suor algum, na calma de meu sonho.

Ó meu pai arquiteto e fazendeiro!
Faz casas de silêncio, e suas roças
De cinza estão maduras, orvalhadas

Por um rio que corre o tempo inteiro,
E corre além do tempo, enquanto as nossas
Murcham num sopro fontes represadas.

Carlos Drummond de Andrade em Claro Enigma

Encontro

Projeto #462 – Tormento recorrente

Estou reblogando o texto da Fernanda por dois motivos:

1 – o texto dela para o Exercício #2 do Projeto #462 é maravilhosamente surpreendente ;

2 – Ela linkou todos os textos que participaram essa semana e como estou no celular, refazer isso tudo seria mais que trabalhoso.

Obrigado pela idéia Fernanda. Semana que vem esperarei a Rebecca publicar os textos para, só depois, publicar o meu e linkar os outros.

Aproveitem!

Fernanda Beziaco

Texto produzido para o Projeto #462 do blog Bagunça Perfeita.

O desafio era escrever uma historia que terminasse com a frase “e esse é o quarto…”


Tormento Recorrente

Me faltava vergonha na cara e me faltava sono na cama. Os dias se arrastavam enquanto minha falta de coragem se arrastava comigo. A vida de outrora era apagada e o futuro incerto era apenas uma ilusão distante, mas o presente era todo agonia e procrastinação.

A louça se acumulava na pia, as roupas sujas no chão, enquanto o chuveiro pingava gotas malditas a cada sete segundos fazendo meus olhos ardidos e vermelhos pestanejarem afetados.

Duas semanas antes eu estava tão bem. O Sol iluminava a casa. O lençol na cama ainda tinha o cheiro limpo da última lavanderia feita. Os meus travesseiros e os dele estavam alinhados. E o som de nosso bom humor ainda perdurava na sala. Mas agora…

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Projeto #462 – Tormento recorrente

TAG: Amo / Odeio

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Combinado é combinado, não é? Pois então. Além de combinar com vocês que toda quinta-feira haveria publicação do Projeto #462 e de possíveis TAGs, combinei com a Raissa do Pão e Leite que responderia a TAG Amo/Odeio em que ela me marcou junto com outros dez blogs.

Muito obrigado, de verdade, por ter lembrado de mim!

A TAG foi criada pela Karla Cherry do Cherry Cookie e o objetivo pode parecer simples, mas acredito que não seja tão fácil: falar sobre dez coisas que Ama e dez coisas que Odeia.

Danou-se.

As regras são:

Dizer 10 coisas que você odeia e 10 coisas que você ama;
Indicar 10 blogs para fazer a Tag também;
Colocar a imagem da Tag;
Colocar o blog que deu origem a Tag;
Colocar o link de quem te indicou.
Então vamos lá:
Dez coisas que amo:

1. Minha esposa: de verdade, não é possível conviver com uma pessoa completamente diferente de você, com criação e costumes diferentes, sem amar;
2. Minha família: Pai, mãe, irmãos, amigos, avós, tios, primos. Todo mundo incluído aí. E não é só minha família de sangue. Hoje, casado, também considero toda essa relação parentesca com os integrantes da família da minha esposa. Cada um deles é tão importante quanto meus co-sanguíneos;
3. Meus cachorros: Ah, mas eles não são família? São, são sim. Mas merecem um tópico especial;
4. Minha estante de Livros: Imagine um cabra com ciúmes dela. Eu!;
5. Ler: A leitura é um prazer que se renova a cada página. As vezes, fico dias sem ler; parece que nunca mais voltarei ao mundo das letras nessa inércia sem fim, mas, quando volto a pegar em um livro, todo o prazer retorna;
6. Minha gaveta de filmes e jogos: Podemos estender meus ciúmes a ela também;
7. Jogar videogame: Para desligar o cérebro, tem algo melhor?;
8. Minhas lembranças: Existem momentos que tudo que tenho é o que está guardado nas minhas memórias. Por vezes podem até não retratar a realidade, mas as sensações são tão verdadeiras quanto às vividas no momento original;
9. Cozinhar: Gosto de cozinhar, mesmo. Não sou de inventar pratos novos, na verdade, eu não sigo receita, então, gosto mesmo é de inventar novas maneiras de fazer pratos que esqueci a receita. No fim dá certo. Acredite;
10. Escrever: Por que escrever está em último lugar na minha lista? Porque só descobri há pouco tempo que me sinto bem escrevendo. Até pouquíssimo tempo atrás eu tinha vergonha do que escrevia. Muitos tiravam sarro. Era bullying pesado mesmo.

Dez coisas que odeio:

1. Mudar de ideia depois de tudo pronto: Quase mato quem diz a caminho do restaurante escolhido para passar a noite “Acho melhor irmos para a festa tal. Não quero mais jantar” ou coisas do gênero;
2. Injustiça: Pessoas que não reconhecem as N benfeitorias e se incomodam com uma deslizada;
3. Mexer na minha gaveta de filmes e jogos;
4. Mexer na minha estante;
5. Trocar minhas coisas de lugar sem me consultar;
6. Ser acordado antes da hora programada no despertador: Eu acordo muito bem com o despertador, obrigado! Não sou do tipo que bota a soneca 15 vezes antes de acordar. Normalmente, acordo logo no primeiro alarme. Então, não se preocupe, eu não vou perder a hora. Se me acordar um minuto antes, que seja, perco meu dia;
7. Pessoas que dão pitaco enquanto cozinho;
8. E o pior, pessoas que além de dar pitaco, ficam em cima de mim, olhando por cima do meu ombro para ver se estou fazendo direito;
9. Pessoas que estão acima do bem e do mal ou que se fazem de vítima;
10. Pessoas que contam vantagem em tudo. TUDO!

Caramba, é muito mais difícil falar de coisas que odeio.

E, respondendo à última regra, esses são os blogs que marco para responder a TAG. Lembrando que os se já tiverem sido marcados não precisam responder novamente e, também, só responde quem realmente quiser.

1. Crazy Old Stories;
2. Livros da Jess;
3. Bagunça Perfeita;
4. Livro com Café;
5. Cafeteria 42;
6. With My Journal;
7. Mais Café;
8. Garotas Discretas;
9. Livros & Aventuras;
10. Contos e Reconto;
11. Entre Livros e Trânsitos;

Onze porquê sim! Não sou muito de respeitar todas as regras.

Aguardo marcações em novas TAGs. É até que divertido!

TAG: Amo / Odeio

Projeto#462 – Exercício#2

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Esta semana foi uma semana atípica conforme minhas Explicações de Segunda, mas, depois de deixá-los sem as publicações referentes à criação de Personagens e Locais, não poderia falhar logo na segunda semana após o início do Projeto #462. Aliás, a publicação da semana passada foi o recorde de visualizações desde que iniciei o Onírico Autor. Muito obrigado a todos pelo reconhecimento e pelas visitas.

A proposta do Bagunça Perfeita para o Exercício#2 mexeu muito comigo. Sim, achei complicado demais elaborar um texto a partir da última frase, ainda mais por se tratar de uma frase que abre tantas possibilidades. Fiquei perdido com o mar de opções – e minha esposa sabe muito bem como odeio escolher o que melhor me agrada (tudo, tudo, tudo me apraz em certo ponto).

Pois bem, a proposta era:

Escreva uma história que termine com a frase: “e esse é o quarto / espaço onde isso aconteceu.”

E esta é a história:

Projeto #462 – Exercício #2

O cursor piscava com intermitência na tela. Piscava.

Alberto o encarava com os olhos vidrados. Estático.

O cursor piscava.

Alberto o encarava.

As ideias insistiam em fugir-lhe da mente. A sensação Alberto já conhecia: desespero, seu maior medo; era o escárnio do cursor, o maldito zombeteiro.

Já não sabia se era noite ou dia, conhecia apenas o brilho do monitor. Todo o resto fora drenado pelo escuro.

Imerso naquela constante binária entre o sumir e o aparecer, sentiu seu estômago subir agarrado pelo esôfago e a visão tombar de um solavanco só até seus pés. Seu cérebro pulsava.

Vertigem.

Era o estágio avançado do ócio intelectual. Mumificara seu corpo em frente ao computador na esperança de uma invasão de conhecimentos e aplicações inovadoras. Não comeu, mal bebeu e não se levantou. Não havia necessidade. Tudo o que importava era o criar. Agora, mal respirava. Talvez tivesse sido isso. Talvez, por isso, tudo rodava ao seu redor e, ao centro da vista, o cursor piscava.

Alucinou pelo o que pareceu horas e, tão rápido quanto começou, tudo parou.

Ofegava desnorteado e seu pulso retumbava em seus ouvidos. Fora abduzido pela ausência de consciência e jogado de volta pela explosão da emoção.

Estava em pé em frente ao computador. Mas quando levantara?

Sua visão, aguçada, agora lhe mostrava o que antes ignorava. A cama a sua direita, cortinas acetinadas, papel de parede mofado, um espelho de moldura antiga, dois móveis de cabeceira e a porta aberta que dava para o banheiro. Um quarto de hotel.

Ainda ofegante, acendeu a luz do quarto.

Os olhos doeram para se acostumar. Piscou.

Alberto encarou o quarto com os olhos vidrados. Estático.

Olhou do computador, de onde ainda pulsava o cursor, à cortina acetinada que agora ostentava viscosas nódoas vermelhas que ainda escorriam lentamente pelo liso tecido. As roupas de cama estavam espalhadas pelo chão do quarto e também possuíam manchas frescas de um vermelho forte. Tudo estava revirado. O colchão rasgado, as cômodas tombadas e havia até pedaços do espelho quebrado no chão. Somente o computador encontrava-se intacto.

Alberto conteve as entranhas. Esmoreceu sob os joelhos e vomitou.

Ao erguer a cabeça, pôde perceber que um rastro de sangue – agora tinha certeza que o vermelho se tratava de sangue – se arrastava até o banheiro. Trêmulo, engatinhou moroso acompanhando aquele rastro abjeto.

O banheiro permanecia escuro. Alberto se pôs de pé escorando no batente da porta e a mão seguiu para o interruptor. Fechou os olhos, mas de alguma forma sabia que encontraria ao abrí-los.

Nada.

Não havia corpo no chão, mas o rastro ainda levava até a banheira. Alberto cortou o banheiro em dois passos e puxou a cortina com força. Foi preciso pelo menos três puxadas para arrancá-la por completo. E, mais uma vez, nada. Dentro da banheira não havia corpo e muito menos sangue. Porém, Alberto percebeu que agora havia sangue na cortina, onde, antes, estava limpa. Olhou suas mãos e tudo percebeu.

Caminhou passos certos até a primeira cômoda e a colocou no lugar. Pegou o telefone do chão e sentou-se na cama.

Discou.

Esperou.

Uma voz dura respondeu “Octogésimo nono DP. Sargente Müller falando!”.

Alberto tentou manter a voz calma e denunciou todos os detalhes do caso de homicídio ao sargento de plantão enquanto enfaixava seus braços. Ao fim da ligação, desligou, posicionou o telefone sob a cômoda e dirigiu-se à porta do quarto.

Respirou fundo e sorriu. Agora compreendia. Tudo o que importava era o sentir. Viver.

Na tela do computador, o cursor ainda piscava na página em branco.

Na parede, podia-se ler em letras de um vermelho escorrido:

“E esse foi o quarto onde isso aconteceu.”

Projeto#462 – Exercício#2